Potencial in vitro anti
Scientific Reports volume 12, Número do artigo: 21165 (2022) Citar este artigo
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As infecções bacterianas e virais são um grave problema de saúde pública. Portanto, este estudo teve como objetivo avaliar o potencial antibacteriano, antibiofilme e antiviral do extrato hidroalcoólico bruto, frações e compostos isolados da Própolis Vermelha Brasileira (BRP), bem como sua toxicidade in vivo. A atividade antibacteriana foi avaliada pela determinação da Concentração Inibitória Mínima e a atividade antibiofilme pela determinação da Concentração Inibitória Mínima do Biofilme (MICB50). A contagem de bactérias viáveis (Log10 UFC/mL) também foi obtida. Os ensaios antivirais foram realizados infectando células BHK-21 com Chikungunya (CHIKV) nanoluc. A toxicidade do BRP foi avaliada no modelo animal Caenorhabditis elegans. Os valores de MIC para a amostra de extrato hidroalcoólico bruto variaram de 3,12 a 100 μg/mL, enquanto frações e compostos isolados os valores de MIC variaram de 1,56 a 400 μg/mL. O extrato hidroalcoólico bruto BRP, oblongifolina B e gutiferona E apresentaram valores MICB50 variando de 1,56 a 100 μg/mL contra biofilmes monoespécies e multiespécies. Neovestitol e vestitol inibiram a infecção por CHIKV em 93,5 e 96,7%, respectivamente. Os testes para avaliar a toxicidade em C. elegans demonstraram que o BRP não foi tóxico abaixo das concentrações de 750 μg/mL. Os resultados constituem uma abordagem alternativa para o tratamento de várias doenças infecciosas.
Apesar dos importantes avanços na área da saúde, as doenças infecciosas têm constituído, ao longo do tempo, um grave problema de saúde pública1. Um exemplo é a periodontite, uma doença inflamatória que afeta o aparelho de suporte dentário e é causada por microrganismos presentes em biofilmes de placas de disbiose2. Segundo Mehrotra e Singh3, cerca de 2,6% dos afro-americanos, 5% dos africanos, 0,2% dos asiáticos, 1% dos norte-americanos e 0,3% dos sul-americanos foram diagnosticados com periodontite em sua forma mais grave. O tratamento periodontal é essencial não apenas para parâmetros dentários, mas também para evitar outras condições patológicas, como reações adversas na gravidez, doenças cardiovasculares e respiratórias, câncer, lúpus, artrite reumatóide, diabetes mellitus e doença renal crônica4. Mesmo que a doença possa ser tratada com antibióticos, a infecção pode ser agravada em pacientes sem tratamento ou na presença de bactérias periodontopatogênicas resistentes5.
As doenças virais também oneram o sistema de saúde global devido à falta de vacinas e antivirais aprovados para combater importantes vírus humanos, entre eles a Febre Chikungunya, causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV)6. O CHIKV foi identificado em 2014 e tornou-se hiperendêmico no Brasil7. Esse vírus causa sintomas semelhantes aos da dengue, como febre, fadiga, artralgia e poliartralgia8. Até abril de 2022, foram registrados 28.291 casos suspeitos de Febre Chikungunya e cinco óbitos confirmados no Brasil; outras oito mortes estão sob investigação9.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, parte considerável da população mundial ainda depende da medicina tradicional e utiliza produtos naturais para o tratamento de diversas doenças10. Os países em desenvolvimento usam principalmente esses produtos. Nesse cenário, o Brasil é uma valiosa fonte de produtos naturais, pois possui fauna e flora diversificadas11. A Própolis Vermelha Brasileira (BRP), material resinoso produzido pelas abelhas Apis mellifera a partir da coleta de exsudatos de duas espécies vegetais: Dalbergia ecastaphyllum12,13 e Symphonia globulifera14 tem excelente potencial para o desenvolvimento de novos medicamentos. A BRP é atualmente um dos tipos de própolis mais produzidos e comercializados no Brasil. É encontrada principalmente nos manguezais do Nordeste brasileiro, especialmente nos estados de Alagoas e Bahia15.
BRP é composto de 50% de resina, 30% de cera, 10% de óleos essenciais, 5% de pólen e 5% de outros compostos, incluindo metabólitos secundários como flavonoides, isoflavonoides, derivados do ácido cinâmico, ésteres, benzofenonas polipreniladas e alguns terpenos, que são considerados os principais constituintes biologicamente ativos desse tipo de própolis16. As moléculas isoladas da BRP não ocorrem em nenhum outro tipo de própolis, o que as torna produtos naturais raros e únicos17. Variações dessa composição foram observadas entre os locais. Alguns estudos revelaram que compostos como formononetina e isoliquiritigenina são os mais abundantes em amostras de Alagoas18. Em vez disso, na amostra de "Canavieiras", vestitol, neovestitol, medicarpin e benzofenonas polipreniladas foram identificados como os principais compostos e17. Nesse sentido, foi relatado que o BRP possui atividade antibacteriana15,18,19,20 antiparasitária21,22,23,24,25,26,27 e antiviral28.